quarta-feira, 3 de julho de 2013

Fim de tarde, que se vai como quase sem Mãe-Ascléppio

===> Que o falece assim quase sem Mãe

O sol insiste em brigar com a teima da noite que não quer desfazer-se da lua e do infinito finito;

O arvoredo
E as poucas nascentes que restam
Conjuminam-se ao molhado úmido da relva
Conversando com o cheiro da terra bravia
A esperar pelo orvalho do escuro da noite já avechada.

Mesmo assim,
Cismando em não entregar-se a natureza ...
O dia, enfim, chega somente quando o canto e sibilar dos pássaros, da rolinha, do canário da terra,

Do Papa-Capim,
Do papa-arroz,
Anunciam a chegada da aurora nos trópicos.

Mas a brava luta do homem do campo,
Sem trégua, coitado,
Só sossega
Quando a chuva, cismada, e à revelia,
Quase teima em desfazer a esperança deste nobre e destemido vaqueiro,

Do sertanejo forte e espectador eterno:
Este tal esperador costumeiro...

Cavalo-doido,
Boi manso, na capoeira,
Pelo pobre milharal,
Quando o pasto cisma em não sumir e brota como do nada em agreste natureza ..

O dia enfim amanhece ....
No sertão, nas serras,
Nos longínquos e espassados descampados, serrotes e escassas serranias.

Mas o que vale é o Homem:
O Homem destemido da lida, Da sorte, do azar, da desgrudada família, da muier, dos muitos filhos...

Este bravo e audaz Homem
Que, a todo tempo,
A todo instante, transforma-se e transmuta-se!

Este Homem Que está junto
Na agonia,
Na seca,
No estio:

Na chuva que enfim
E de quando em vez rebrota e reafirma
Sua contumaz esperança em fazer e ressurgir a parca e diminuta capoeira da sobre-vida;

Em flor, em vida,
Em sobrevivência para si
E para os seus!

O Que seria
Ora renascer junto a esperança Ora sobreviver junto ao nada, Ao juazeiro sempre teimoso,
Ao pereiro quase audaz,
Ao mufumo sempre pertinaz?

Mas estas obstinadas forças Forças centrífugas da natureza cruel
Ressurgem a contemplar e atender
A eterna eternidade do Homem da terra

Homem, atualmente, tão esquecido e desgarrado,

A moda gado bravio,
A moda bicho do mato,

Sob as malvadas políticas públicas
Que o esquece como boiada sem dono;
Que o despreza como sem Pai;
Que o falece assim quase sem Mãe.


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