segunda-feira, 29 de julho de 2013
Motivo- C. Meireles - (Fagner)2013 Divanira
O ano de 1978 começou sob o signo de Raimundo Fagner. O Jornal de Música, do início de janeiro divulgara os resultados da escolha dos Melhores do Ano de 1977, reunindo indicados e destacando todos aqueles que se sobressaíram. Foi um ano excepcional, principalmente para os nordestinos. Raimundo Fagner se destacou em quatro categorias: Vocal Solo, Violão, Compositor e Show (Ao Vivo). Os nordestinos se destacaram com Zé Ramalho da Paraíba (Revelação de Compositor e Revelação Vocal Solo), Geraldo Azevedo (Melhor Violão), Robertinho de Recife (Revelação Instrumental Solo e Guitarra), Amelinha e Terezinha de Jesus (Revelação Vocal), dentre outros. O disco ORÓS continuava desaguando. O resultado insatisfatório das vendas não abalou a confiança de Raimundo Fagner. Ao contrário, sua expectativa maior era conquistar a América e iniciar as gravações de um disco nos Estados Unidos. Raimundo Fagner chegou aos Estados Unidos em fevereiro de 1978 e ficou convivendo com músicos brasileiros radicados lá há muito tempo como Airto Moreira, Laudir de Oliveira, Flora Purim e Naná Vasconcelos. Ficou algum tempo na casa do Laudir em Los Angeles e depois foi para Nova Iorque, onde ficou hospedado da casa do Naná Vasconcelos. De lá foi para Paris onde o Teatro Campagne Premiere o aguardava para algumas apresentações. O retorno ao Brasil somente aconteceu em julho de 1978. Antes, porém, ele participou dos shows da Anistia Internacional, na cidade de Colônia, na Alemanha, contra os 14 anos da ditadura brasileira (BRASILIEN 14 JAHRE DIKTATUR). Com apenas um violão na mão, Raimundo Fagner mostrou que não existem barreiras suficientes para conter a força de seu canto agreste, e atacou de Pobre Bichinho, As Rosas Não Falam, Gota D'Água, Vaila, Acalanto Para Um Punhal, Santa Tereza, Riacho do Navio, Epigrama No.9, ABC, Astro Vagabundo, e as instrumentais Algodão e Quem Viver Chorará. E de volta ao País, depois de meses ausente dos palcos cariocas, a grande expectativa do público e da crítica, era em relação ao início da temporada de Raimundo Fagner no Teatro Tereza Rachel, em setembro de 1978, com o show de lançamento do disco QUEM VIVER CHORARÁ, o quinto de sua confusa e ascendente carreira. Acompanhado por um time da pesada formado por Robertinho de Recife, Manassés, Dominguinhos, Ozias,Tuti Moreno e Chico Batera, Raimundo Fagner mostrou no show todas as músicas do novo disco e ainda acrescentou as clássicas Astro Vagabundo, Sangue e Pudins, Riacho do Navio, a inédita Angururu e recriou Légua Tirana (acompanhado de Dominguinhos na sanfona). Com direção artística de Jairo Pires e produção do próprio Raimundo Fagner, com QUEM VIVER CHORARÁ (CBS, 1978, No. 230.020) veio o primeiro Disco de Ouro de sua carreira, por mais de 170 mil exemplares vendidos. Um salto espantoso para quem começou com apenas 5 mil exemplares do MANERA FRU FRU, MANERA, pulou para mais de 40 mil com o RAIMUNDO FAGNER e caiu para 15 Mil com o ORÓS. O disco QUEM VIVER CHORARÁ, também chamado de EU CANTO, inteiramente dedicado aos pais, Seu Fares e Dona Francisca (com todo amor que tenho, e terei), abre o lado A com Revelação (Clodo e Clésio), Jura Secreta (Sueli Costa e Abel Silva), Acalanto Para Um Punhal (Robertinho de Recife, Herman Torres e Fausto Nilo), Punhal de Prata (Alceu Valença). No lado B, a clássica As Rosas Não Falam (Cartola), Motivo (mais um poema de Cecília Meireles musicado por Fagner), Pelo Vinho e Pelo Pão (Zé Ramalho), Cigano (Fagner) e Quem Viver Chorará (Fagner). Como subtítulo do elepê, daí o nome de EU CANTO, os versos de Cecília Meireles demonstravam bem o estado em que Raimundo Fagner se encontrava naquele momento: Eu Canto, porque o instante existe e a minha vida está completa. No disco (acústico, na definição do autor) Raimundo Fagner não só participou de todos os processos de gravação, como também em todas as faixas como músico (violão ovation, piano acústico, órgão Leslie, guitarra flamenca e percussão) e ainda na elaboração dos arranjos, na regência e na direção musical, além de ajudar no corte, ao lado dos técnicos Manoel, Ivair e Américo.
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