adete republicano[editar]
Contagiado pelo ardor republicano dos cadetes e de Benjamin Constant, professor da Escola Militar, durante uma revista às tropas atirou sua espada aos pés do Ministro da Guerra Tomás Coelho. A liderança da Escola tentou atribuir o ato à "fadiga por excesso de estudo", mas Euclides negou-se a aceitar esse veredito e reiterou suas convicções republicanas. Por esse ato de rebeldia, foi julgado pelo Conselho de Disciplina. Em 1888, desligou-se do Exército. Participou ativamente da propaganda republicana no jornal A Província de S. Paulo.
Proclamada a República, foi reintegrado ao Exército recebendo promoção. Ingressou na Escola Superior de Guerra e conseguiu ser primeiro-tenente e bacharel em Matemáticas, Ciências Físicas e Naturais. Casou-se com Ana Emília Ribeiro, filha do major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro, um dos líderes da Proclamação da República. Em 1891, deixou a Escola de Guerra e foi designado coadjuvante de ensino na Escola Militar. Em 1893, praticou na Estrada de Ferro Central do Brasil.4
Ciclo de Canudos[editar]
Ver artigo principal: Guerra de Canudos
Durante a fase inicial da Guerra de Canudos, em 1897, Euclides escreveu dois artigos intitulados A nossa Vendeia que lhe valeram um convite d'O Estado de S. Paulo para presenciar o final do conflito como correspondente de guerra. Isso porque ele considerava, como muitos republicanos à época, que o movimento de Antônio Conselheiro tinha a pretensão de restaurar a monarquia e era apoiado por monarquistas residentes no país e no exterior.4
Em Canudos, Euclides adota um jaguncinho chamado Ludgero, a quem se refere em sua Caderneta de Campo 5 . Fraco e doente, o menino é trazido para São Paulo, onde Euclides o entrega a seu amigo, o educador Gabriel Prestes. O menino é rebatizado de Ludgero Prestes.
Livro vingador[editar]
Euclides deixou Canudos quatro dias antes do final da guerra, não chegando a presenciar o desenlace. Mas conseguiu reunir material para, durante cinco anos, elaborar Os Sertões: campanha de Canudos (1902). Os Sertões foi escrito "nos raros intervalos de folga de uma carreira fatigante",6 visto que Euclides se encontrava emSão José do Rio Pardo liderando a construção de uma ponte metálica. O livro trata da campanha de Canudos(1897), no nordeste da Bahia. Nesta obra, ele rompe por completo com suas ideias anteriores e pré-concebidas, segundo as quais o movimento de Canudos seria uma tentativa de restauração da Monarquia, comandada à distância pelos monarquistas. Percebe que se trata de uma sociedade completamente diferente da litorânea. De certa forma, ele descobre o verdadeiro interior do Brasil, que mostrou ser muito diferente da representação usual que dele se tinha. Euclides se tornou internacionalmente famoso com a publicação desta obra-prima que lhe valeu vagas para a Academia Brasileira de Letras (ABL) e para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Divide-se em três partes: A terra, O homem e A luta. Nelas Euclides analisa, respectivamente, as características geológicas,botânicas, zoológicas e hidrográficas da região, a vida, os costumes e a religiosidade sertaneja e, enfim, narra os fatos ocorridos nas quatro expedições enviadas ao arraial liderado porAntônio Conselheiro4
Ciclo amazônico[editar]
Em agosto de 1904, Euclides foi nomeado chefe da comissão mista brasileiro-peruana de reconhecimento do Alto Purus, com o objetivo de cooperar para a demarcação de limites entre o Brasil e o Peru. Esta experiência resultou em sua obra póstuma À Margem da História, onde denunciou a exploração dos seringueiros na floresta. Ele partiu de Manaus para as nascentes do rio Purus, chegando adoentado em agosto de 1905. Dando continuidade aos estudos de limites, Euclides escreveu o ensaio Peru versus Bolívia, publicado em 1907. Escreveu, também durante esta viagem, o texto Judas-Ahsverus, considerado um dos textos mais filosófica e poeticamente aprofundados de sua autoria.
Após retornar da Amazônia, Euclides proferiu a conferência Castro Alves e seu tempo, prefaciou os livros Inferno verde, de Alberto Rangel, e Poemas e canções, de Vicente de Carvalho 7
Concurso de lógica[editar]
Visando a uma vida mais estável, o que se mostrava impossível na carreira de engenheiro, Euclides prestou concurso para assumir a cadeira de Lógica do Colégio Pedro II. O filósofo Farias Brito foi o primeiro colocado, mas a lei previa que o presidente da república escolheria o catedrático entre os dois primeiros. Graças à intercessão de amigos, Euclides foi nomeado. Depois de sua morte, Farias Brito acabaria ocupando a cátedra em questão 8 .
Academia Brasileira de Letras[editar]
Foi eleito em 21 de setembro de 1903 para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Valentim Magalhães, e recebido em 18 de dezembro de 1906 pelo acadêmico Sílvio Romero.
"Tragédia da Piedade"[editar]
Sua esposa, mais conhecida como Anna de Assis, tornou-se amante de um jovem tenente, 17 anos mais novo do que ela, chamadoDilermando de Assis. Ainda casada com Euclides, teve dois filhos de Dilermando. Um deles morreu ainda bebê. O outro filho era chamado por Euclides de "a espiga de milho no meio do cafezal", por ser o único louro numa família de morenos. Aparentemente, Euclides aceitou como seu esse menino louro. A traição de Ana desencadeou uma tragédia em 1909, quando Euclides teria entrado na casa de Dilermando, armado, dizendo-se disposto a matar ou morrer. Dilermando reagiu e matou-o. Foi julgado pela justiça militar e absolvido. Entretanto, até hoje o episódio permanece em discussão. Casou-se com Ana. O casamento durou 15 anos.9 10 11 12
O corpo de Euclides foi velado na Academia Brasileira de Letras. O médico e escritor Afrânio Peixoto, que assinou o atestado de óbito, mais tarde ocuparia sua cadeira na Academia.4
Semanas Euclidianas e outras homenagens[editar]
Entre 1898 e 1901, Euclides da Cunha viveu na cidade de São José do Rio Pardo, onde trabalhava na reconstrução de uma ponte, utilizando suas horas vagas para escrever sua obra-prima Os Sertões. Em comemoração disto se realiza anualmente, entre 9 e 15 de agosto, a Semana Euclidiana, em que a cidade atrai turistas apresentando-se como O berço de Os Sertões.
O livro Os Sertões foi terminado e publicado quando o escritor vivia em São Carlos, onde foi chefe do Distrito de Obras Públicas entre 1901 e meados de 1903.13 Em sua homenagem, também nesta cidade celebra-se anualmente uma Semana Euclidiana.14
A cidade de Cantagalo, berço natal de Euclides da Cunha, também mantém viva a memória do escritor, através de eventos e um museu dedicado a Euclides da Cunha e suas obras.Em 2009, ano do centenário de sua morte,realizou o "Seminário Internacional 100 anos sem Euclides", em Cantagalo-RJ. No ano seguinte, foi fundado o "Ponto de Cultura Os Serões do Seu Euclides", que conta com o "Cineclube da Cunha" e o "Arquivo de memória Amélia Tomás", braços do Projeto 100 Anos Sem Euclides. O Grupo Euclidiano de Atividades Culturais(GEAC), de Cantagalo, é o difusor do movimento euclidiano na cidade.
Cronologia[editar]
- 1866, 20 de janeiro - Nascimento no arraial de Santa Rita do Rio Negro (hoje "Euclidelândia"), município de Cantagalo, então província do Rio de Janeiro, onde vive até os três anos, quando falece sua mãe Eudóxia Moreira da Cunha.
- 1879 - Completa os seus estudos primários (atual Ensino Fundamental) no Colégio Caldeira.
- 1880 - Inicia o curso secundário (atual Ensino Médio). Frequenta os Colégios Anglo-Americano, Vitório da Costa e Menezes Dória.
- 1883 - Aos 18 anos de idade, é matriculado no Colégio Aquino, onde faz exames de Geografia, Francês, Retórica e História.
- 1884 - Publica no Colégio Aquino os primeiros artigos no jornal O Democrata, fundado por ele e seus colegas.
- 1885 - Ingressa na Escola Politécnica para cursar Engenharia, mas é obrigado a desistir por motivos financeiros.
- 1886 - Em 20 de fevereiro, aos 21 anos de idade, assenta praça na Escola Militar da Praia Vermelha, sendo aluno de Benjamin Constant, conhecido positivista.
- 1887 - Colabora na Revista da Família Acadêmica.
- 1888 - O imperador tranca a sua matrícula na Escola Militar da Praia Vermelha por seu ato de protesto durante uma visita do Ministro da Guerra, conselheiro Tomás Coelho, do último gabinete conservador da monarquia. Euclides colabora, com a série "A Pátria e a Dinastia", no jornal A Província de São Paulo.
- 1889 - Retorno à Escola Militar da Praia Vermelha, graças à proclamação da República e ao seu sogro, general Sólon Ribeiro.
- 1891 - Conclui curso na Escola Superior de Guerra.
- 1892 - É promovido a primeiro-tenente de Artilharia e designado para coadjuvante de ensino teórico na Escola Militar.
- 1893 - Nasce Sólon da Cunha, seu primeiro filho. Euclides dirige as obras de fortificações das trincheiras da Saúde durante a Revolta da Armada.
- 1894 - Incidente do jornal O Tempo. Respondendo ao senador cearense João Cordeiro, que desejava penas severas aos adversários políticos, Euclides escreve duas cartas para a Gazeta de Notícias, em que defende o Estado democrático e a não violência. Por isso, passa a ser visto com desconfiança pelos legalistas.
- 1895 - É "exilado" para Campanha, em Minas Gerais, onde constrói e inaugura a estrada de ferro.
- Viaja pelo interior de São Paulo como Superintendente de Obras Públicas do Estado, cargo exercido até 1903.
- Nasce Euclides Filho, seu segundo filho com "Saninha".
- 1896 - Desliga-se do Exército para dedicar-se à engenharia civil. Podendo pedir a Floriano Peixoto um cargo em qualquer esfera do governo, pois tinha sido um fervoroso republicano, Euclides decide o que a lei designa para os recém-formados: estágio na Estrada de Ferro Central do Brasil.
- 1897 - Euclides escreve dois artigos sob o título "A nossa Vendeia", comparando os canudenses aos revoltosos da Vendeia.
- Júlio de Mesquita, do jornal O Estado de S. Paulo, convida-o para acompanhar a campanha de Canudos como correspondente. Nomeado adido ao Estado-Maior do Ministério da Guerra, Euclides segue para Canudos. Cobre a última fase da campanha de Canudos. De 7 de agosto a 1 de outubro fica no sertão, como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo.
- 1898 - Muda-se para São José do Rio Pardo, onde trabalha na construção de uma ponte metálica sobre o Rio Pardo. Começa a escrever Os Sertões, livro no qual trabalharia até 1901. Fragmentos são publicados no artigo "Excerto de um livro inédito".
- 1901 - Nasce seu terceiro filho, Manuel Afonso Albertina, em São José do Rio Pardo. Manuel Afonso seria seu único filho a deixar descendentes. Inaugura-se a Escola Primaria Dr. Lopes Chaves em Taubaté, no interior de São Paulo, projetada por Euclides da Cunha. Muda-se para São Carlos, onde é engenheiro da construção da Escola Paulino Carlos. Ali permanece até meados de 1903.
- 1902 - Publica a obra Os Sertões pela Laemmert & Cia., considerada como precursora da Sociologia e da literatura modernista no Brasil, juntamente com Canaã, de Graça Aranha.
- 1903 - Euclides muda-se para Lorena, onde continua trabalhando como engenheiro. É eleito para a Academia Brasileira de Letras na vaga de Valentim Magalhães. Euclides pede demissão da Superintendência de Obras Públicas de São Paulo. Toma posse no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
- 1905 - Euclides é nomeado chefe de seção da Comissão de Saneamento de Santos. Percorre Santos e Guarujá. Pede demissão do cargo.
- Realiza viagem heroica pelo rio Purus, na Amazônia, chefiando missão oficial do Ministério das Relações Exteriores que decidiria sobre o litígio de fronteira entre o Brasil e o Peru. Percorre cerca de 6.400 quilômetros de navegação, alguns trechos inclusive a pé.
- 1906 - Euclides volta ao Rio de Janeiro como adido ao gabinete do Barão do Rio Branco e publica o Relatório da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus.
- Nasce Mauro, filho de sua mulher com o tenente Dilermando de Assis. O menino vem a falecer uma semana depois.
- 1907 - Publica Contrastes e confrontos, artigos e breves ensaios reunidos por um editor português, e Peru versus Bolívia. Profere a conferência "Castro Alves e seu tempo" no Centro Acadêmico XI de Agosto (São Paulo).
- 1909 - Presta exame para a cátedra de Lógica no Colégio Pedro II. Contudo, não chega a dar muitas aulas.
- 1909, 15 de agosto - Tenta matar o jovem Dilermando de Assis, amante de sua esposa, mas este reage e Euclides da Cunha é morto a tiros, no bairro da Piedade, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Até hoje o episódio, conhecido como Tragédia da Piedade, é alvo de controvérsias. Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro
Lista de obras[editar]
- 1884
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